sábado, 25 de janeiro de 2014

VOLUNTARIADO EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Um grande número de pessoas disponibilizam parte de seu tempo em prol do serviço voluntário, seja voltado para recuperação de crianças enfermas ou pessoas idosas nos hospitais, seja reconfortando com palavras algum necessitado com as emoções abaladas do outro lado da linha telefônica, seja levando uma alimentação aos que estão nas marquises da cidade, ou seja em alguma área verde no entorno de nossa cidade. Vamos nos ater ao Voluntariado em Unidades de Conservação. Vamos direto ao assunto. Em que consiste o trabalho voluntário? Na pessoa que, por solidariedade e responsabilidade, doa parte do seu tempo, trabalho e talento para ações que beneficiam e melhoram a vida de todos. Em uma Unidade de Conservação, o serviço não será pago pelo Governo, entretanto, gozará dos benefícios de se trabalhar em uma Área Protegida, aumentando seus conhecimentos sobre o Plano de Manejo (que é o documento oficial de uma UC), tendo grandes oportunidades de expressar seus talentos, desenvolvendo novas habilidades e competências e somando-se a isso, um grande conhecimento sobre a parte física da unidade. Voluntariado em Unidade de Conservação O trabalho voluntário em Parques Nacionais é uma tradição em vários países, como Estados Unidos Itália e Nova Zelândia, onde os voluntários são os principais responsáveis pela manutenção dos sistemas de trilhas e por realizar trabalhos educativos junto aos visitantes. (SOUZA, 2007) (MMA, 2008). Na Austrália, país que também desenvolve ações de voluntariado em UC, existe a organização Conservation Volunteers Australia3 , que atua desde 1982 na missão de “atrair e gerenciar uma força de voluntários em projetos de conservação em práticas para a melhoria do meio ambiente australiano” (CONSERVATION, 2009). Nos EUA existe um serviço de proteção aos parques, o National Park Service, que atua em parceria com tribos indígenas, estados, governos locais, colonizadores, ONG’s e outros que se dispõe a contribuir voluntariamente com a preservação destes locais. No estado da Califórnia – EUA também há uma forte atuação de voluntários no desenvolvimento de atividades nos parques estaduais. Lá os voluntários auxiliam em quase todas as atividades das unidades como orientação aos visitantes, educação ambiental, manutenção de instalações, segurança, gestão de recursos naturais e culturais e outras (CALIFORNIA, 2009). No Brasil, até recentemente, as áreas protegidas eram consideradas espaços que deveriam ser isoladas de qualquer atividade humana, ficando à margem ou no caminho do processo de desenvolvimento. Essa visão provocou um cenário no qual pouquíssimos brasileiros se interessavam em visitar e conhecer essas áreas, gerando então, uma conseqüente falta de entendimento da importância de se manter tais espaços preservados e conservados. (MMA, 2002) No ano de 2002, o MMA, teve como iniciativa ao fomento da atividade voluntária, a realização do Seminário Internacional “Voluntários nos Parques do Brasil: Conduta Consciente, Ética e Cidadania”, promovido pela Diretoria das Áreas Protegidas, da Secretaria de Biodiversidade e Florestas, em parceria com o Conselho do Programa de Comunidade Solidária. Como resultado do evento, na atuação conjunta do Ministério do Meio Ambiente e do Conselho do Programa de Comunidade Solidária, a fim de promover o trabalho voluntário em UC’s propôs-se a criação do “Manual de Planejamento e Operação de Programas de Voluntariado em Unidades de Conservação”, sendo uma tradução adaptada do “Volunteers in parks” uma publicação do Serviço Nacional de Parques dos EUA. (MMA, 2002). Nota: O texto Voluntariado em Unidades de Conservação, foi extraído da Revista Geográfica de América Central Número Especial EGAL, 2011- Costa Rica II Semestre 2011 pp. 1-16 Claudio Alexandre de Souza; Adélli Luna Schulze. "Voluntariado como forma de auxilio na implementação e manutenção do ordenamento do espaço protegido e turístico- caso do parque nacional do Iguaçu." Pedro Cunha e Menezes, diz na matéria: "O voluntário e os Parques Nacionais"- http://www.oeco.org.br/pedro-da-cunha-e-menezes/16951-oeco_10134 - que "...o trabalho gratuito não é feito em troca de um salário mas da realização de uma utopia. Assim, é natural que o voluntário queira debater as políticas de administração do Parque para o qual está doando seu tempo. É a paga que pede pelo seu comprometimento. Do ponto de vista do administrador público, acostumar-se a essa relação de permanente cobrança é adequar-se à democracia em seu sentido mais amplo: aquele em que o administrador público deve explicações a seu chefe, que é tanto o seu superior hierárquico quanto o cidadão que paga impostos, nesse caso representado pela parcela da população diretamente interessada nos desígnios da Unidade de Conservação- o voluntário. Sem dúvida, trata-se de rotina espinhosa e árdua mas da qual o Parque beneficia-se sobremaneira, já que passa a congregar em torno de si um grupo de cidadãos com ele imensamente comprometidos, como, aliás, já o provaram por aqui mesmo, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro e sua Sociedade de Amigos." Cunha e Menezes continua: "... gerenciar o trabalho voluntário não é tarefa fácil nem barata. Talvez uma das razões que levam a crer que este tipo de trabalho não funciona é que a maioria das experiências tentadas no Brasil tenderam a aplicar a ele as regras correntes para um relacionamento estritamente profissional. O primeiro passo para se obter um trabalho de qualidade a partir do braço voluntário é possuir na estrutura da Unidade de Conservação profissional treinado para lidar com as peculiaridades desse tipo de mão de obra. Não se trata de trabalho simples. O National Park Service americano tem em cada Parque um funcionário treinado apenas para lidar com voluntários, subordinados a uma Diretoria só para esses assuntos, sediada em Washington. Organização e técnicas de liderança são fundamentais. Embora o voluntário tenha alto grau de comprometimento com a causa para a qual devota seu tempo, ele tem que atender também às suas próprias atividades profissionais. Assim, nem sempre será possível garantir sua presença nas horas em que seu trabalho seja porventura necessário. Sem um planejamento flexível e pensado para funcionar mesmo com eventuais ausências de voluntários esperados não se conseguirá atingir objetivo algum", diz Pedro. Com o tema em franco crescimento pelas bandas de cá, a adesão ao Voluntariado nas Unidades de Conservação tem aumentado. A demanda decorrente da implantação da Trilha Transcarioca tem levado as Unidades Gestoras envolvidas no projeto, a implementar e fomentar os seus Programas de Voluntariado, com o intuito de atender às necessidades de apoio aos serviços de manejo e sinalização do trajeto, que envolve as três esferas: Municipal, Estadual e Federal.

O Parque Nacional da Tijuca se encontra em um estágio privilegiado no quesito Voluntariado ante as demais Unidades Gestoras. Um trabalho que vem sendo realizado de forma regular através de sua Monitoria Ambiental, que, vencendo grandes obstáculos, à 10 anos tem realizado as atividades voluntárias, tais como os mutirões de conservação e o Voluntariado Semanal, voltados para o manejo das trilhas e o controle de plantas exóticas do parque. Com isso, serve de exemplo e estímulo para as outras esferas, que já se encontram em plena realização de suas atividades voluntárias. O tiro de largada foi dado.

Convidamos os leitores a ficarem atentos às planilhas de atividades do Parque Nacional da Tijuca, que possui um calendário anual de atividades voltado para o manejo e conservação de suas trilhas. O Parque Estadual da Pedra Branca tem divulgado suas atividades e Secretaria Municipal de Meio Ambiente - SMAC, tem recebido o apoio de instituições, tais como, a Associação de Amigos do Mosaico Carioca - que tem cooperado com projeto de Oficina de Manejo de Trilhas e com projeto de implantação e sinalização da trilha "Janela do Céu" no Parque Natural Municipal Penhasco dois Irmãos. Tem auxiliado no apoio à monitoria do Parque Natural Municipal da Catacumba, no manejo de degraus.

Ester Capela

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